Antes de mais nada, para falarmos sobre SDMA, precisamos falar sobre a doença renal crônica, uma das condições mais comuns em cachorros e gatos. Um em cada dez cães desenvolve alguma forma desse problema. Nos felinos, a incidência de doença renal crônica é ainda maior: um em cada três gatos terá a doença.
A doença renal crônica afeta especialmente os animais idosos, mas qualquer animal, em qualquer estágio da vida, pode desenvolver a enfermidade nos rins. Os sintomas variam entre falta de apetite, desânimo, vômitos, diarreia, emagrecimento e desidratação.
Trata-se de uma doença progressiva, ou seja, que avança lentamente, mas sem parar. Nesse sentido, quanto mais cedo ela for diagnosticada, maiores são as chances de sucesso do tratamento. É aí que surge o SDMA!
Como diagnosticar a doença renal crônica em pets?
Antes do teste, a doença renal crônica em cães e gatos era diagnosticada através de exame de sangue, para a análise dos níveis de ureia e creatinina – em animais doentes, os níveis desses marcadores são aumentados.
O problema é que o teste de creatinina só detecta alterações quando a doença está muito avançada, com aproximadamente 75% da função renal comprometida.
Nesse sentido, surge o SDMA, um método que revolucionou o diagnóstico de doença renal crônica em pets.
Quais são os benefícios?
Antes de mais nada, vamos entender o que a sigla significa. SDMA, ou Dimetilarginina Simétrica, é uma pequena molécula liberada na corrente sanguínea durante a degradação de proteínas. A excreção ocorre principalmente pelos rins, órgão responsável por 90% da eliminação dessa molécula.
A SDMA aumenta quando em média 40% da função renal está comprometida. Isso significa que o teste SDMA possibilita um diagnóstico muito mais precoce da DRC e, consequentemente, mais qualidade de vida para o animal. Afinal, quanto mais cedo a doença é diagnosticada, maiores são as chances de sucesso do tratamento.
O teste de SDMA pode identificar o aparecimento da doença renal em uma média de 17 meses antes do teste da creatinina. Ou seja, o diagnóstico é obtido com quase dois anos de antecedência em comparação aos exames tradicionais! Por isso, o SDMA é considerado um método revolucionário!
SDMA e estágios da doença renal crônica
Recentemente, o teste de SDMA foi incluído nas novas diretrizes da IRIS (INTERNATIONAL RENAL INTEREST SOCIETY/2019) para o estadiamento da doença renal crônica (http://www.iris-kidney.com/pdf/IRIS_Pocket_Guide_to_CKD.pdf).
São definidos quatro estágios:
- 1: aumento persistente da SDMA. Concentração acima de 14 µg/dl e creatinina dentro dos valores de referência (paciente não azotêmico).
- 2: a concentração sérica de SDMA é ≥25 µg/dL, e a de creatinina sérica está entre 1,4 e 2,0mg/dL para cães e 1,6 e 2,8mg/dL para gatos.
- 3: concentração de SDMA ≥45 µg/dL e creatinina sérica entre 2,1 e 5,0mg/dL para cães e entre 2,9 e 5,0mg/dL para gatos.
- 4: apresenta a concentração de SDMA ≥45 µg/dL. Azotemia renal severa, na qual a creatinina sérica é superior a 5,0mg/dL para cães e gatos. O paciente no estágio IV pode apresentar edema e ascite associados a hipoalbuminemia, proteinúria e hipercolesterolemia, caracterizando quadro de síndrome nefrótica.
A utilização de biomarcadores mais sensíveis e específicos, como o SDMA, favorece o diagnóstico e permite um prognóstico mais preciso.
Em síntese, auxilia numa proposta terapêutica mais adequada e no aumento da expectativa e da qualidade de vida dos animais com DRC.