Dermatite atópica induzida por alimentos ou mais comumente chamada de “alergia alimentar” é uma manifestação cutânea de reações que o organismo tem frente às substâncias que ele considera irritantes. É mais comum em cães do que em gatos, mas pode acometer as duas espécies. Não necessariamente irá ocorrer quando o animal ainda é filhote ou na primeira exposição ao agente irritante. Pode levar até 3 ou 4 anos para os primeiros sinais aparecerem.
Os principais sinais são: otite (infecção do conduto auditivo) uni ou bilateral de repetição, dermatite perilabial e perianal. Porém, outras regiões do corpo também podem ser afetadas. Raramente os animais acometidos apresentam reações gastrointestinais (vômito e diarreia). Para fechar o diagnóstico, outras causas mais comuns devem ser excluídas e as infecções secundárias devem ser controladas ou eliminadas.
Entenda mais sobre o mecanismo dessa reação alérgica:
Reações alérgicas são respostas do organismo frente às agressões ou ao que ele considera que sejam agressões. Irritantes ambientais ou presentes nos alimentos podem induzir esse tipo de resposta no corpo. Esses agentes irritantes são chamados de alérgenos.
As células do organismo responsáveis por detectar esses alérgenos são os mastócitos. Uma vez que os alérgenos são reconhecidos, eles passam a ser chamados de antígenos (Ag). Os mastócitos ligados aos antígenos induzem essas reações de defesa que nós percebemos como reação alérgica.
Nós, seres humanos, temos grande quantidade de mastócitos no trato respiratório. Por isso, nossas formas mais comuns de alergia são de manifestação respiratória (rinite, sinusite, asma). Gatos se assemelham mais a nós nesse aspecto, assim, comumente desenvolvem reações alérgicas a Ag aéreos, sendo mais raro apresentarem hipersensibilidade a alimentos (“alergia alimentar”) do que os cães.
Já os cães têm grande quantidade de mastócitos no trato gastrointestinal e também na pele. Por esse motivo, esses tecidos são mais reativos e o resultado é que eles frequentemente apresentam reações cutâneas a alérgenos ambientais (veja mais informações no tópico de Dermatite Atópica) e também a trofoalérgenos (alérgenos alimentares).
O mastócito é uma célula grande, que tem duas estruturas presas à sua membrana chamadas de imunoglobulinas, mais especificamente, imunoglobulina E ou IgE. Para que ele reconheça alguma substância como “ameaça”, as duas IgEs precisam se ligar simultaneamente ao alérgeno. Dessa forma, o alérgeno só é reconhecido se a sua estrutura for grande o suficiente para as duas IgEs se ligarem ao mesmo tempo. Calculamos esse tamanho em “peso molecular”.
Dessa forma, proteínas de alto peso molecular (acima de 10.000 dáltons) são propensas a desencadear reações de hipersensibilidade no intestino daqueles animais sensíveis. Assim, não importa se é proteína de origem animal ou vegetal, o fator mais preponderante para a reação de hipersensibilidade a alimentos é o tamanho da molécula proteica.
Como tratar?
Existem rações comerciais disponíveis com proteínas “hidrolisadas”, ou seja, quebradas em partes menores (baixo peso molecular). Essas são chamadas de “Dietas Hipoalergênicas”. Repare que não são “dietas anti-alérgicas”, pois elas não interrompem a alergia. Elas só não apresentam aquelas proteínas envolvidas nos processos de hipersensibilidade alimentar, consequentemente não induzem alergia.
O problema é que o ato de o animal se coçar predispõe que ele desenvolva infecções bacterianas e fúngicas que também agravam a coceira.
Se você suspeita que seu animal apresenta reação alérgica a alimentos, procure um médico veterinário especialista em dermatologia para confirmar o diagnóstico e controlar essas infecções oportunistas.
A Dermatite Atópica Induzida por Alimento não tem cura, mas tem tratamento e controle.